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segunda-feira, 12 de março de 2007

Como Contar? II



Contar à uma pessoa sua orientação sexual, é um passo muito difícil na vida de um homossexual, é a aceitação pessoal e a busca por um objetivo, uma conquista de seu próprio espaço, e cada reconhecimento e respeito adquirido há uma satisfação enorme, fazendo um bem danado ao ego.
É uma situação complicada, já que falar de sexualidade é falar da vida pessoal, e ninguém quer ser repreendido pela forma que leva sua vida, e faz suas escolhas, contar ou não contar é um dilema, e o que me deixa indignado, pois um heterossexual não precisa contar aos seus amigos e familiares que é hetero, e muito menos é questionado sobre sua orientação, já o homossexual se vê frente a um grande medo, a pergunta sobre sua sexualidade, e sente perseguido pela pergunta, que pode brotar a qualquer momento em qualquer lugar, a mentira é algo que faz parte de nossas vidas, muitas pessoas se dão muito bem com elas, outra por mais que tentem não consegue mentir, e esse era o meu caso, nunca soube mentir, arrancavam a verdade de mim muito facilmente, a maneira que encontrei pra sair das enrascadas era sempre ser bem humorado, fazer piada, e nunca levar assuntos assim sério, isso me ajudou muito, apesar de que eu não tive muitos problemas de sexualidade com outras pessoas, de me deixarem constrangido, raras exceções, nunca me perguntaram diretamente se eu era gay, já que eu me re-eduquei desde a infância, reprimindo qualquer atitude que me condenasse, então não levantava suspeitas, o que me condenava mesmo era o fato de não ficar muito com garotas, não gostar muito de futebol, apesar de que adorava jogar bola na rua e ser muito ruim, só na tv que eu achava uma perca de tempo, assim como hoje com exceção tempos de copa, olimpíadas, etc, mas era mais pela farra mesmo, eu não sei porque, eu era uma criança muito pé no chão, não ficava sonhando como meus amigos, todos queriam ser jogador de futebol, e eu de alguma maneira sabia que nenhum deles conseguiriam, era só coisa de criança mesmo, eu sempre quis um emprego de verdade rsrsrs, não ligava muito pra isso. A pessoas conseguiam me deixar sem jeito se fizessem piadinhas, tipo, que corte de cabelo gay, que voz gay que você fez, isso é coisa de gay, e por ai vai, isso me deixava grilado, ficava achando que tinha dado bandeira, e como vocês podem ver, o problema era comigo mesmo, o medo de perseguição, o que eu já estava acostumado, pois sofri muito preconceito racial, e meu medo era que as duas coisas somassem.
Nunca conheci algum gay que fosse recusado, ao menos pelos amigos, com a família já é mais complicado, mas cada um conhece a família e os amigos que têm, eu conheço a família que tenho, e portanto sei que pelos menos por enquanto não posso contar, mas é questão de tempo, com meus amigos só no começo foi muito difícil, porque quando se está sozinho, tendo apoio apenas dos amigos, você se sente inseguro, se na época estivesse namorando, eu teria mais tranqüilidade pra revelar, por que sei que independente de me respeitarem ou não, teria alguém me amando acima de tudo, e meu maior medo era esse, nunca ser amado, não me sentia amado, mesmo tendo muitas pessoas que diziam que me amavam, e tendo até certeza de algumas, pensava se o amor delas seria tão grande a ponto de continuar, mesmo sabendo que aquele não era eu, só uma pequena parte, a primeira pessoa que contei foi o meu melhor amigo, tinha um carinho enorme por ele, se dávamos tão bem que chegou em um ponto que eu fiz besteira de começar a confundir os sentimentos, o que é completamente normal, já que dividíamos os nossos problemas, nossos sonhos, ele era a única pessoa que me confortava, que eu confiava, e a pessoa que eu tinha mais medo de perder a amizade, pois tínhamos planos juntos.
Esse meu amigo "Gustavo" era o melhor amigo que alguém pode ter, é um cara muito lindo, loiro dos olhos claros, fortinho, um garoto simpático, humilde,que você conversa e ele já se enturma, e por esse e mais motivos ele era um tremendo sucesso entre as garotas, era difícil não gostar dele, por isso eu o admirava e me espelhava nele, queria muito ser como ele, as vezes me sentia mal por ter tanta inveja, as vezes sofria com isso, por que eu via ele fazendo tudo que eu sempre quis naquele tempo, ficava com todas as meninas, e eu não ficava com ninguém, era bonito e eu era feio, além de todos dar mais atenção a ele, mas ele tinha um pequeno defeito, ele deixava esse sucesso subir muito a cabeça, e por causa disso passava por cima dos outros, na maioria as meninas, nossas amigas, que eu não posso falar que não havia motivo, já que se tinha muita disputa por ele, todas eram afim dele, então ele não sabia quem realmente queria ter sua amizade, ou te-lo como namorado, isso o deixava chateado por julgarem só pelo físico, alias foi isso que me fez agradecer a Deus várias vezes por ser feio, rsrsrs, era um conforto bem grande, pois vi que beleza atrai muita gente falsa e pretensiosa, mas felizmente ele soube lhe dar com isso, e isso era muito pouco, comparado a tantas qualidades, amava conversar com ele, era incrível, passávamos horas intermináveis batendo papo, só ficava mal qual o assunto era mulher, no qual não falava muito, porque me fazia se sentir um lixo, um nada parado ali na frente dele, e ele era muito experiente, nossa amizade foi abalada algumas vezes, quando ele ganhou seu computador, me senti abandonado pois não tinha computador, e ele passou grande parte nele, e me deixou um pouco de lado, me senti muito triste, depois que ganhei o meu fiz mais ou menos a mesa coisa, mas não há nada que destrua uma amizade de verdade, além disso houve várias coisas também, mas não é tão importante para a história. Eu contei a ele há dois anos atrás, foi na véspera de ano novo, eu lhe mandei uma carta, e fazia um tempo que ele percebeu que eu agia diferente, andava muito triste, e isso pra ele era novo, já que mesmo triste, eu nunca deixava aparentar, eu morria por dentro, mas ria por fora, nunca deixei ninguém perceber meu sofrimento, então ele me perguntava o que estava acontecendo, eu segurava o que podia pra não contar, pois nunca fui bom nas palavras, então preferia recorrer a escrita, eu me atrapalho muito pra chegar a uma simples conclusão, gaguejo, e acabo não me expressando da forma que estava pensando, então tinha medo de falar " eu sou gay" e travar e não falar mais nada, e algo que você jamais deve fazer é isso, você nunca pode vomitar as palavras dessa forma, você tem que ir preparando a pessoa aos poucos, contar sua história, tentar passar o que está sentindo, e o quanto é importante que essa pessoa te escute sem te repreender, mesmo que no final ela não aceite ou não concorde, o importante é fazê-la te ouvir, e mesmo que depois de tudo ela não queira manter contato por não saber como te ajudar, é melhor assim que ser repreendido na tentativa. Contei a ele que estava indo á um psicólogo escondido dos meus pais, não era bem escondido, sabiam que eu ia, mas não sabiam o motivo, quando perguntavam só dizia que era problemas escolares, vestibular, etc, e contei que certa vez que fiquei internado em um hospital, foi por motivos de depressão, e que ninguém sabia, isso eu falei a ele durante uma festa, quando já tinha bebido várias latinhas de cerveja, e não conseguia mais disfarçar minha tristeza e angústia, estava no meu limite,quase falei ali o que sentia, e teria feito uma besteira grande, já que haviam muitas pessoas por perto, ele quase conseguiu arrancar a verdade de mim, mas não quis forçar porque viu que não estava pronto pra contar o que realmente estava me incomodando, no mesmo dia cheguei em casa, muito tonto por causa do álcool, escrevi uma carta, fiquei acordado até as 4 da manhã, e no outro dia acordei bem cedo, iria até sua casa entregar a carta, lhe contando toda a verdade, e que se ele quisesse parar de falar comigo eu entenderia, mas que pelo amor de Deus, pelo meu pai que estava doente e não podia ficar sabendo, que ele não contasse a ninguém, era a única coisa que pedia a ele por nossos anos de amizade, antes de ir a casa dele, liguei pra perguntar se ele estava, o mesmo atendeu, então perguntei se ele ficaria em casa durante esse tempo, ele respondeu que sim, então fui logo pra lá, acho que se ele não estivesse, teria queimado a carta e nunca teria feito o que fiz, fui até a casa dele, com uma cara horrível, e muito séria, ele nunca me viu daquele jeito, porque não houve um dia, que não nos olhássemos com um sorriso no rosto, sempre fazendo piadas, sempre rindo, ele ficou assustado, perguntou se eu queria entrar, eu disse que não, que estava ali pra lhe entregar uma coisa, quando lhe dei a carta ele bem humorado perguntou se aquele presente não era nenhuma bomba, pela cara que estava fazendo, e como sempre brincávamos, tentei não rir, confesso que isso é quase impossível perto dele, corri dali o mais depressa que pude, pensando talvez que nunca mais nos veríamos, sem saber o que ia acontecer após ele ler o que estava escrito naquele papel, inclusive pedi para ele queimar aquilo depois de ler.
Fui ver ele somente no fim da tarde, na verdade eu não queria nem sair de casa, mas como era véspera de ano novo, minha mãe pediu pra comprar algumas coisas que faltavam no mercado, não tive escolha, tive que sair, e no caminho pro mercado, eu vejo ele, ao longe, saindo de casa e vindo na direção oposta, então virei a esquina e fingi que não o vi, então no mercado, já passado alguns minutos,pagando as coisas, ele aparece e me cumprimenta, muito estranho, sem graça, e eu querendo morrer ali, ele estava queimado de sol, tinha passado o dia com o irmão mais velho na chácara, parecia bem cansado e sem jeito, e eu evitava olhar ele nos olhos, no caminho pra minha casa, conversamos muito rápido, foram só alguns minutos, mas ele disse que leu a carta, e disse que seria meu amigo sempre, que sempre estaria ali quando eu precisasse, foi só ouvir aquilo, e algo dentro de mim explodiu de emoção, eu queria abraça-lo, queria dizer o quanto aquilo era importante pra mim, mas não fiz nada disso, ainda estava assustado, e ele já começa a falar que não imaginava que passei por tudo aquilo que escrevi, que ele nunca percebeu que eu sofria tanto, já que na visão dele eu era um cara tão feliz, sempre rindo, sempre bem humorado, eu só respondi que as coisas não são o que parecem ser, e que eu ria porque não queria que soubessem que era alguém triste, e que precisava de ajuda, ele tentou falar mais coisas, mas eu estava com tanta vergonha que tentei enrolá-lo, pedi pra conversarmos depois, então ele me convidou pra passar o ano novo na casa de um amigo, onde mais tarde eu fui, e passei meu primeiro ano novo feliz, senti que havia nascido naquele momento, bebemos, dançamos, cantamos, como se nunca havíamos conversado sobre aquilo algum dia, fomos jogados na piscina, tomamos bebidas que nunca tínhamos experimentados, já que essa família é muito rica, então tinha muitas bebidas caras lá, depois disso demorou meses para voltarmos a tocar nesse assunto, foi mais por termos perdido contato aos poucos, hoje estamos nos falando bem pouco, já que ele sempre ta trabalhando ou festando com os amigos do trabalho, e claro, sempre de rolo com alguma garota, esse costume ele não vai perder nunca rsrsrs, já eu sempre estudando muito, agora namorando, então não se vemos muito, se falávamos bastante no msn, e era onde também eu podia contar mais coisas, sem ter vergonha, contar que eu havia beijado um homem, e percebido que era aquilo mesmo que queria pra mim, já que até então quando contei a ele, disse que era bi, gostava muito de ficar com garotas, mas sentia atração por homens, e eu não havia tido nenhum contato com homens ainda, era tudo novo, e eu tinha muito medo de várias coisas, ultimamente nem no msn temos nos falados, e ele excluiu o orkut, diminuindo mais o contato, mas sei que sempre ele estará à uma esquina da minha casa, e eu aqui, e quando precisarmos estaremos os dois, sempre dispostos pra contar um com o outro, de vez em quando eu faço uma surpresa e apareço lá, ele também faz o mesmo, eu fico um pouco triste as vezes, pois sinto a falta dele, eu queria ter aproximado ele mais dos meus novos amigos, mas acho que não daria certo, mas ainda não desisti dessa idéia, espero poder estar mais próximo do Gustavo, já que ele é uma amigo que não quero perder nunca, e com certeza vou levar essa amizade até o fim, a vida é sempre assim, uma grande surpresa.

Por outro lado, os sonhos continuam, e um dos nossos sonhos era de quando termos nossas vidas feitas, e quando o Gustavo tivesse a casa dele, muito bonita como ele descrevia, eu estaria lá, falando de nossas vidas, ele falando de seus romances, e eu falando da meu trabalho, felizes, se sentindo vitoriosos na vida, comendo e bebendo, sem se preocupar com que um dia já nos preocupou, e assim será, amanhã....

4 comentários:

FOXX disse...

hehehe
contar é realmente um passo dificil

ps: q post grande, quase naum consigo termina-lo

Anônimo disse...

blog novo na area... \o/ adoro!
ok garoto, vou logo contanto... vc é um filho da mãe... leio blogs a meio seculo e faz tempo q um post nao meche tanto cmg... li frase por frase, engoli palavra por palavra... nunca sem deixar de pensar, nunca sem deixar de lembrar o quanto temos trajetorias um tanto parecidas... vc sabe se expressar muito bem e escreve de um modo otimo... me senti tocado, embora ultimamente esse nao seja um efeito muito dificil em mim (lendo meu ultimo post da pra perceber rsrs), tive um amigo como o seu, e uma historia muito parecida como a sua... tbm tive e tenho todos esses medos, essas paranoias, esses momentos de tristeza absoluta q nao da pra esconder de ninguem... simplesmente isso, fantastico, ganhou um fã... nao vou ficar aqui escrevendo senao vou deixar um texto tao longo quanto seu post... kkkkkk... mas é isso, espero q possa surgir uma amizade entre nós blogayros... ^^
ate a proxima!

Dawson disse...

Oi cara,

Td bom? Obrigado pela visita lá no meu blog. Tô lendo o teu... =)

Um abraço e até mais!

Anônimo disse...

Poxa, você escreve com muita sinceridade e propriedade. Gostei bastante!